quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O meu atelier...



...situa-se numa pequena localidade do concelho de Santarém.
Convido-vos a visitar o meu espaço de trabalho e a conhecer melhor as técnicas inerentes à profissão do encadernador/restaurador de Livros.
Para perceberem melhor a minha paixão pelos livros e muito mais pela encadernação tenho que voltar ao ano em que tudo começou, o ano de 1995. Uma amiga falou-me de um curso que iria iniciar no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) de Alverca, inscrevi-me, foi seleccionada e lá fui eu.
O curso foi muito prático, por isso a repetição das técnicas levou a que aperfeiçoasse as minhas capacidades. A partir desse momento desejei saber mais ao nível teórico. Não foi fácil, havia pouca informação sobre esta temática. Procurei em bibliotecas, falei com alguns encadernadores e douradores e lá foi recolhendo as informações mais básicas sobre a profissão e técnicas mais utilizadas em Portugal.
Completei a minha formação com dois estágios: um na Oficina de Encadernação da Santa Casa da Misericórdia de Santarém e outro na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. Estes estágios foram uma mais valia na minha carreira profissional.
Em 2002 convidaram-me para ministrar um curso de formação Profissional que me proporcionou consolidar conhecimentos e fazer pesquisa a nível internacional sobre o tipo de técnicas, materiais e também aperfeiçoar as técnicas de restauro aprendidas durante os últimos anos. A procura de saber mais levou-me a participar num concurso Internacional de Encadernação no País Basco.
Conhecer o tipo de encadernação que se faz actualmente fez-me abrir novos horizontes, utilizar novos materiais e misturar outros sempre com o sentido estético presente. As formações e workshops que ministro em algumas instituições fazem com que cada vez mais sinta orgulho nesta profissão milenar e até desvalorizada. Esta partilha de experiências que se obtém através de acções de formação faz-me acreditar que esta actividade continue a estar presente na sociedade.


Gostaria que em Portugal existisse uma associação onde todos pudéssemos discutir esta temática tão interessante e promover esta actividade que dignifica e distingue os livros como obras de arte.




Como restauradora...







A minha actividade surgiu de forma espontânea, o meu interesse por antiguidades, pela história de arte e pelo nosso património levou-me a procurar formação nesta área e frequentar cursos e Workshops acerca desta temática.
Os meus primeiros restauros foram feitos para amigos e familiares, depois surgiram outros trabalhos para instituições e para particulares. Aqui surgiu a necessidade de conhecer melhor técnicas antigas de manufactura das obras a restaurar e procurar preservar não só a integridade física da obra como todo o seu contexto histórico.
Com o intuito de prolongar a vida dos objectos que restauro sigo a metodologia e as normas do código deontológico inerentes à profissão.
Cada obra a restaurar é sempre um grande desafio, pois as técnicas de manufactura nem sempre respeitaram os cânones da época a que a peça diz respeito. A obra a restaurar deve ser observada como um elemento único e insubstituível, daí a importância da realização do estudo da peça a restaurar ou simplesmente a preservar.

Não devemos esquecer que a profissão de restaurador começou nas oficinas de pequenos e grandes artífices que com a sua sabedoria e conhecimentos ancestrais desenvolveram as técnicas e ajudaram a preservar as obras de arte. É claro que o mundo evoluiu e também as técnicas de restauro, os materiais, os diagnósticos e os procedimentos de preservação do nosso património, seja ele físico ou espiritual. Muito devemos à comunidade científica pelas experiências de resultados positivos que nos permitem no dia a dia decidir pelos materiais reversíveis e assim prolongar a vida das obras sem comprometer a sua integridade física. Esta é uma actividade que não devia ser desenvolvida de forma isolada, mas sim em parceria com diversas profissões e instituições. Na minha opinião a partilha de informação é a base do sucesso da profissão e mais ainda do sucesso da preservação da nossa cultura.